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Juliano Cazarré: ”Confesso que não sei direito o que é o feminismo”

Sucesso como Mc Merlô, na novela A Regra do Jogo, da Rede Globo, e protagonista o filme Boi Neon, o ator fala o que pensa sobre carreira, moda e empoderamento

Por Olívia Nicoletti
Atualizado em 21 jan 2020, 13h29 - Publicado em 11 mar 2016, 13h19

Ao ver Juliano Cazarré em A Regra do Jogo, na pele de Mc Merlô, funkeiro que vive um triângulo amoroso com suas ex-bailarinas, Alisson (Letícia Lima) e Ninfa (Roberta Rodrigues), é difícil imaginá-lo encenando Iremar, personagem do filme Boi Neon, que estreou nos cinemasno último mês. Vencedor do Troféu Redentor de melhor longa-metragem de ficção no Festival do  Rio e também premiado nos festivais internacionais de Veneza e Toronto, o longa explora de maneira delicada as nuances de um personagem que, em um ambiente bruto, sonha em aprender a costurar. Não à toa, o ator se tornou um dos nomes mais comentados durante o festival carioca, justamente por causa das cenas fortes de nudez e de sexo que protagoniza com a atriz Samya de Lavor, que estava grávida durante as gravações. Mas engana-se quem pensa que interpretar dois personagens tão diferentes simultaneamente foi um problema para Juliano. Com 15 filmes e três novelas no currículo, ele conta que gosta de desafios e sente prazer em transitar por papéis incomuns, como você confere na entrevista a seguir. 

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Pelos personagens que você já viveu, percebemos que se sente confortável em mostrar o corpo. Acha que isso ainda é um tabu na televisão e no cinema? Acredito que o grande tabu seja a nudez masculina. Existem muito mais cenas de mulheres nuas do que de homens nus. Sou contra a nudez em novelas porque muitas crianças as assistem. Também não acho legal ficar explorando o assunto o tempo todo, mas, quando ajuda a contar uma história e enriquece o roteiro, não vejo problema algum. O importante no cinema é usar isso de forma sensível. Na arte, mesmo em pinturas e performances, sempre existiram corpos nus. Boi Neon tem uma cena de sexo bastante intensa.

Como foi protagonizá-la? Na verdade, nós gravamos essa cena duas vezes. Na primeira, eu já acreditava que havia ficado boa. Não queria gravar novamente porque ela exige uma intimidade forçada, algo que não é natural. Mas gravamos de novo e eu fiquei bem feliz com o resultado. Acho uma cena belíssima. Sinto muito orgulho dela. Só que ela é realmente polêmica. Tem gente que gosta e gente que não se sente confortável ao assistir. 

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A cena em questão tem muito a ver com o empoderamento feminino. Você se considera um feminista? Confesso que não sei direito o que é o feminismo. A palavra não me diz muita coisa. Costumo ter problemas com os “ismos”. Mas sou a favor de dar mais espaço às mulheres. Não apenas na televisão e no cinema, mas no Congresso, na música, na educação. Não tem como negar que vivemos em um país machista e a mulher precisa ser respeitada. 

Em A Regra do Jogo, você está sempre sem camisa e exibe muitas tatuagens, mas só a do peito é falsa. Quantas você tem ao todo? Já perdi a conta. Sei que são mais de dez. Ainda consigo esconder algumas, mas pretendo fazer mais. Acredito que essa seja uma forma de se expressar, do mesmo modo que as roupas são. É também uma forma de homenagear as pessoas que se ama. Tenho duas ou mais tatuagens que homenageiam meus pais, meus filhos e minha mulher. 

Você gosta de moda? Como costuma se vestir no dia a dia? Gosto bastante de moda. Como minha esposa trabalha na área (Letícia Cazarré é stylist e diretora da revista Cause), sempre peço ajuda a ela. Porém não posso dizer que eu tenho um estilo definido. Eu vivo mudando. Às vezes, me visto de forma mais tranquila, com calça e camiseta. Em dias frios, adoro criar  sobreposições. E também gosto muito de usar terno. 

Você escreveu uma coluna para a revista Cause sobre como as questões de gênero estão cada vez mais diluídas no nosso tempo e agora interpretou um vaqueiro – em teoria, uma profissão marcada pela masculinidade – que gosta de costurar e desenhar roupas, algo visto como feminino. Acha que esse personagem quebra um tabu? Sim. Acho, inclusive, que isso não foi uma coincidência. Esse é um assunto que está surgindo no mundo inteiro. Ele está, sobretudo, ligado à liberdade de expressão, de as pessoas poderem ser o que elas quiserem ser. Tanto a revista como o filme foram por esse lado. Isso é algo a ser discutido. Eu mesmo tenho um lado feminino. Sou um cara grande, quadrado, que para na rua para olhar uma flor. Gosto de coisas delicadas. 

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Você já escrevia antes de estrear a coluna na revista? Sobre o que gosta de escrever? Sempre gostei de escrever. Sou filho de escritor (o jornalista Lourenço Cazarré). Até tenho um livro de poesias publicado, chama Pelas Janelas. Estou sempre escrevendo alguma coisa e pretendo continuar colaborando com a publicação da minha mulher. 

Existe algum personagem específico que você ainda gostaria de viver? Quero interpretar um político, um pastor evangélico, um atleta, um homossexual… Existem muitos papéis que ainda quero viver. Uma das melhores partes de ser ator é poder ser quem eu quiser e dar vida a personagens totalmente diferentes entre si, o que acaba sendo um desafio. E eu gosto de ser desafiado. 

 

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