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Marco Antonio Biaggi: ‘Se você não para, a vida para você’.

Em depoimento à ESTILO, o cabeleireiro fala como a cura do câncer mudou a sua visão de mundo

Por Elisa Duarte
Atualizado em 17 jan 2020, 16h49 - Publicado em 5 set 2017, 18h20

Em entrevista à ESTILO, Marco Antonio Biaggi como o linfoma descoberto em 2015  mudou o jeito como ele encara a Beleza da Vida.

‘’Quando eu ouvi linfoma, pensei Meu Deus o que que é isso? Será que tem cura? Será que vou morrer? Foi igual ao que o Gianecchini teve. Depois tem a fase de ouvir as palavras pesadas como quimioterapia, fazer uma pulsão, tirar o liquor da coluna… Aí quando você vai lá e encara de frente, vê que tirar o licor da coluna não dói nada. É uma picadinha igual tirar sangue. Não tive enjoos com a quimio… mas a hora que cai o cabelo é chocante. Eu que trabalho com beleza, você fica verde, cai a sobrancelha e os cílios, você fica um E.T. Resolvi assumir.  Fiz um jantar de gratidão, eu já estava curado, mas 40 quilos mais magro.

imaginava coisas que me dão prazer e que eu queria fazer de novo

Quando eu estava lá, literalmente morrendo, entubado… quando tinha lampejos de consciência, eu imaginava coisas que me dão prazer e que eu queria fazer de novo… como andar no sol, comer pastel na feira… meu medo era falar com a voz robotizada. Quando o médico garantiu que a minha voltaria e que eu andaria… Sabia que ia demorar, que eu ia voltar a andar como um bebê… mas eu nunca derramei um pingo de lágrima.

Quero simplificar a vida.

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Sabe quando eu chorei? Eu tenho um bonsai seco que não dava flor há anos e o jardineiro sempre falava que ele estava vivo. Passados anos, agora, ele abriu umas flores e eu chorei muito. Fiquei muito emocionado com a simbologia.

Imagina um menino pobre que se transforma no cabeleireiro mais famoso do Brasil.

Imagina um menino pobre que se transforma no cabeleireiro mais famoso do Brasil. E com a fama vem influência… Você pega o telefone e consegue o que quer. O hospede número 1 do Copacabana Palace. Aí, vem a vida e te dá um puxão de tapete. Eu entreguei a minha vida confiando na equipe medica.

Eu sempre tive vontade de ser famoso.. eu era pobre mesmo… a minha alegria era dividir um pedaço de bolo com a minha irmã, comprado  no dia do pagamento numa doceria chamada Zero Grau na praça da República.

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Eu fui um escolhido por Deus, que com o meu câncer, eu toco as pessoas, nas famílias. Quando tem alguém com essa doença, a família toda adoece.  Os pais com medo da perda. Cada dia é um fato novo. Quando fiquei internado 6 meses, é pneumonia, depois para os rins, depois 4 pardas cardíacas… só vem notícia ruim. Ai quando não tinha mais nada pra fazer… me colocaram numa máquina e eu ressuscitei…

Ressuscitei…

Eu tive médicos incansáveis, o médico pegava no meu braço e dizia: você vai sair dessa.  Isso é importante, a humanização do médico, e não aquele médico que se acha o todo poderoso. A minha fé também me ajudou muito. Eu não deixei a peteca cair.

Quando eu olhei no espelho, embora magérrimo, eu tive uma surpresa, vi que meu cabelo começou a crescer… depois de meses de coma. Tem uma cena que nunca vai sair da minha cabeça: Eu tinha uma sede mortal e não podia tomar água com risco de ir para o pulmão. Eles pegavam uma gaze e pingavam no canto da minha boca. Eu daria tudo o que eu conquistei por um copo de água gelada. Foi aí que eu vi a beleza da vida. Vem daí o título do meu livro. (A Beleza da Vida, Escrito pelo jornalista João Batista Jr. E editado pela Abril.)

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Eu daria tudo o que eu conquistei por um copo de água gelada.

Eu vi o que realmente importa na vida, de uma maneira que hoje, eu amo ficar hospedado em belo hotel, dormir no Copacabana Palace, mas eu não quero mais aquela vida de todo domingo trabalhar. Eu tinha esquecido o prazer de sentar ao redor de uma macarronada com a minha família. Em volta de um minestrone da minha mãe no inverno.

Eu moro num apartamento gigante e tenho obras na sala.. ficava dois anos sem pisar na minha sala. Era cliente, cliente, cliente, chegava morto, dormia em cima do prato de comida, ia pro quarto, tomar banho e dormir. Tinha muita pressa, pressa. E agora paro para falar com as pessoas, talvez essa pessoa tenha alguma mensagem para me dar. Agora, eu amo ficar no meu terraço, eu voltei a ler.

A única coisa, é que eu sou totalmente plugado nas redes sociais porque isso me manteve vivo. Quando eu estava começando a melhorar, eu queria que as pessoas soubessem que eu estava melhorando… muita gente torceu por mim.

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Tinha também os espíritos de porco que falavam que eu já tinha morrido, mas faz parte, né.

Você começa a dar valores a outras coisas. Por exemplo…  nesse apartamento que eu moro as vezes cai muita folha e eu ficava “meu Deus, olha quanta folha.. ninguém varreu esse terraço até agora… Nãão… são só folhas, tira mais tarde, se não tirar hoje, tira amanhã.

Antes eu tinha sonho de comprar apartamento em Nova York, não quero mais.

Antes eu tinha sonho de comprar apartamento em Nova York, não quero mais. Quero simplificar a vida.  Quero ficar em hotel enquanto tiver condições. Eu não quero ter algemas de ouro.  O que é alguma de ouro? Eu tenho um apartamento em cima do Spot em São Paulo, um apartamento todo mobiliado, nunca dormi lá, tenho pena de alugar e pena de vender. Isso se chama algema de ouro. Eu não quero mais ser escravo das coisas materiais.

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Fiz uma limpeza libertadora. Fiz uma limpa nas minhas camisas Versace. Esse não sou mais eu. Tinha 200 vidros de perfume. Não vai dar pra usar.  Eu uso 1 ou 2, a vida inteira. Pra que? Pra ficar contemplando?

A gente muda! É uma pena que a gente só mude só com esses sustos. Esses trancos que a vida dá. E no final você vê… tudo que tinha que ser exatamente como foi. Tudo tem o dedo de Seus, mesmo que na hora, você não entenda.

Acho que eu trabalhei tanto, escravo da fama que a vida me deu um sinal. Se você não para, a vida para você.

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