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High-Tech: A revolução tecnológica da moda atual

Em um mundo cada vez mais conectado, com apps que prometem (quase) tudo, a moda tende a embarcar no clima Black Mirror e revolucionar o seu guarda-roupa.

Por Renata Piza
Atualizado em 17 jan 2020, 15h49 - Publicado em 19 set 2017, 17h51

“It’s a quite revolution, dear Christian! Your dresses have such a new look!” A frase que a lendária editora de moda Carmel Snow soltou – e entrou para a história – quando viu a primeira coleção de Christian Dior, em 1947, bem que poderia ser adaptada para 2017. A diferença é que agora, no lugar das saias rodadas, feitas com metros de tecidos, uma luxúria possível só no pós-guerra, entrariam chips, aplicativos e toda sorte de elementos tecnológicos capazes de transformar um tubinho preto em um computador portátil. Ou quase.

Estilistas e indústria ainda não chegaram lá, mas não faltam disposição e boas ideias. “A tecnologia traz a possibilidade de transformar toda a cadeia, de gerar novos meios de produção, mais transparência aos consumidores e novos modelos de consumo, como comprar menos e alugar roupas, por exemplo”, diz a estilista Clara Daguin, uma cria do Vale do Silício.

Com a coleção Body Eletric, que mescla alta-costura e energia elétrica, Clara provou que é possível unir bom design, aquele que gera desejo, e funcionalidade. Além dessa coleção, novos modelos de loja, acessórios high-tech e desfiles à la Admirável Mundo Novo aparecem com a promessa de entrarmos de vez no século 21 e acharmos definitivamente que um tubinho preto não passa de uma peça old school. Confira algumas dessas invenções.

O universo é o limite

Karl Lagerfeld nasceu em 1933, quando a revolução máxima era colocar casacos de pele sobre vestidos lânguidos, ditando a moda das divas de Hollywood. Gênio que é, nunca deixou o tempo parar – está, aliás, sempre um tanto à frente, seja fazendo um Instagram para sua gatinha, a Choupette (100 mil seguidores), seja levando mademoiselle Chanel para um passeio na Lua. Sim, depois de um desfile com cenário de data center e uma bolsa que recebe mensagens de texto, o kaiser colocou recentemente no Grand Palais, em Paris, um foguete de 35 m de altura para apresentar o inverno 2018 da grife. A mensagem é clara, até porque as viagens espaciais de turismo estão na pauta do dia: vai sair na frente não só quem tiver as melhores ideias mas também a melhor tecnologia.

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Visão de futuro

Outra que está olhando para o alto e avante é a Safilo, líder em distribuição de óculos de luxo no mundo. Ao lado de itens Dior, Fendi, Céline e Givenchy, parte do portfólio do grupo, eles lançaram este ano um modelo que faz bem mais do que proteger os olhos dos raios UV ou esconder as olheiras em dias D. O Smith parece apenas um óculos moderninho com lentes espelhadas. Mas, graças à tecnologia, ele é capaz de ler, com a ajuda de um app, as ondas cerebrais e ajudar cada um que tiver os óculos a se concentrar, meditar e aprimorar o foco – recurso que vem fazendo alvoroço entre os esportistas, mas que pode muito bem ajudar empresários, jornalistas e administradores de empresa, entre outras profissões. A “mágica” deve chegar ao Brasil no ano que vem.

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Haute-tech

Clara Daguin tem uma bagagem peculiar: já trabalhou nas maisons de Martin Margiela, Hussein Chalayan e Iris Van Herpen, o que explica seu amor pela experimentação. Mas Clara, norte-americana que mora atualmente em Paris, tem outra paixão além da alta-costura: a tecnologia. “Nasci no Vale do Silício, meu pai é engenheiro e eu sempre vivi cercada por microchips”, conta em entrevista à ESTILO. “Nos últimos anos, me tornei mais interessada ainda pela maneira como a tecnologia e, especialmente a internet, está alterando tantas coisas na nossa vida.” Formada em design gráfico e com um máster de moda da École Supérieure des Arts Décoratifs, de Paris, Clara tem um mérito e tanto: não é uma geek que faz tudo em nome do pai, do filho e dos bites santos. Suas roupas têm beleza, feminilidade, design e futurismo na mesma medida, vide a coleção Body Eletric, com feixes de LED ativados por um sensor de batimentos cardíacos, que iluminam de fato roupas e acessórios. “Para mim, é essencial conciliar moda e tecnologia porque essa é a única forma de as pessoas adotarem os wearable techs. Nós não precisamos da moda. Nós a queremos. O elemento de sedução é muito importante. Espero que minhas roupas sejam capazes de efetivamente conciliar as duas coisas.”

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Futuro de pretérito

Alexandre Herchcovitch, sem dúvida, é um dos estilistas mais avant-garde da moda brasileira. Nos últimos meses, porém, ele deixou de lado o caráter punk e underground, que fez sua fama, e passou a investir em roupas recicladas, no modelo da loja de seu marido, a À la Garçonne. Com o mesmo nome do espaço de móveis vintage, a etiqueta usa quase sempre matérias- -primas antigas, enriquecidas com apliques e pinturas manuais (as jaquetas de couro viraram um desejo absoluto de fashionistas). Mas, entre tantas releituras de itens clássicos e vintage, há na coleção mais recente, apresentada no SPFW N43, uma pitada bem moderna: alguns dos botões foram produzidos por impressoras 3D, tecnologia que promete mudar em breve o jeito de criar qualquer coisa.

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À prova do tempo

Ela tem apenas 27 anos, mas já acumula indicações e prêmios, incluindo o da categoria Public and City do Festival de Hyères. Graduada pela Design Academy Eindhoven, a francesa Wendy Andreu usa sua expertise para dar cara nova ao corte e costura. Pegue a linha Regen como exemplo: os acessórios (chapéus, shopping bags, capas etc.) são cortados a laser e ganham impermeabilidade graças a um processo desenvolvido pela designer. “Projeto uma peça de vestuário da mesma maneira que faço um objeto, usando softwares como o Autocad. É um processo que não requer nenhuma técnica de corte ou de padrão tradicional. A corda do algodão é simplesmente colada com o látex e, juntos, eles se mantêm como um só”, explica Wendy à ESTILO. De quebra, os acessórios ganham pontos no quesito desejo: o látex preto se infiltra na trama do algodão e cria um jogo de textura que deixa cada item único. Para completar, os moldes em que as peças são feitas podem ser usados várias vezes e os materiais são recicláveis e sustentáveis. É a tecnologia em prol da moda e do meio ambiente.

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Veja in loco, escolha na tela e receba em casa

Entre lojas físicas e online, com qual você ficaria? Se depender da Amaro, um e-commerce de moda feminina, você pode escolher as duas. No formato de guide shops, suas lojas, incluindo a recém-inaugurada na Rua Oscar Freire, em São Paulo, são uma espécie de menu degustação. A olho nu, o espaço é igual a outro qualquer, com roupas distribuídas em araras. Mas, na prática, eles servem como provadores e parte da experiência (palavrinha cada vez mais valorizada) da marca. A consumidora entra, escolhe, prova, compra no computador instalado na loja ou em seu smartphone e recebe o item no endereço escolhido (no mesmo dia, se for em São Paulo).

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